segunda-feira, 3 de novembro de 2014

PERDÃO INSOLÚVEL

Arte de Paul Delvaux

Quando cometeu um erro, mentiu, traiu ou enganou sua mulher, não saia comprando presentes.

Apesar da culpa, apesar da vontade de falir para mostrar que está arrependido.

Ela não irá aceitar. Ficará ofendida. Furiosa. Possessa.

- Está querendo me comprar?, questionará.

Ela entenderá que está procurando abafar a falha, diminuir a importância sentimental do que aconteceu.

Entenderá que é suborno, chantagem, corrupção.

Que está escolhendo o caminho mais fácil, que dinheiro não substitui a desculpa, que é um materialista insensível.

Pode cobrir a casa de flores e ela dirá que tem cheiro de enterro.

Pode cobri-la de joias e ela dirá que não é perua.

Pode cobri-la de roupas e ela dirá que você errou o estilo.

Achará um defeito só para se vingar, só para provocar sua infelicidade, só para lembrar que a dor não se preocupa com a aparência.

Mas se você não comprar nada, não fizer nada, ela também não dará mole e ficará muito irritada. Porque vai raciocinar que nem se mexeu para retratar a falha.

Ou seja, você está ferrado de todos os modos.

Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (31/10) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina:



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